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20-01 ENTREVISTA: Rita Grangeia e Victor Butuc

A cultura do dia a dia por Rita Grangeia e Victor Butuc, em entrevista

Os bons filhos nem sempre regressam a casa e esta página tem sido exemplo disso. Mas estes, nesta altura, a casa tornam e tornam a casa melhor. Rita é atriz. Este trimestre, integra um projeto com a Teatro e Marionetas de Mandrágora, inserido no festival Palheta, em que trabalhará na intervenção com a comunidade. Regressa a casa, à Gafanha da Nazaré, depois de passar por muitos lugares, Espanha incluída, onde estagiou com a Companhia de teatro Voadora. Victor é muitas coisas: músico, produtor, agente e criador. Regressa a Ílhavo porque precisava de serenidade para sê-las todas ao mesmo tempo e bem. No dia 20 de março, no Laboratório das Artes do Teatro da Vista Alegre, apresenta com os The Lemon Lovers o novo disco da banda. E levam convidados.

Qual é a tua formação?

Rita: Comecei por estudar representação na Jobra. Depois, segui para a ESMAE, no Porto, onde me licenciei e a partir de onde fui para Espanha, onde estagiei com a companhia de teatro Voadora. Entretanto, voltei para Portugal, tentei integrar-me em várias companhias, mas acabei por passar muito tempo ligada à animação, sobretudo de festas infantis, por uma questão financeira. Foi quando fiz parte de um projeto, a companhia Napalm, em que me concentrei na formação para ser formadora nas áreas de expressão dramática e teatro, o que fiz com crianças e jovens. É, no entanto, um percurso ingrato. Em Portugal, não existem subsídios que garantam a sobrevivência de quem trabalha, como eu, à bilheteira, o que não oferece condições para a profissão de ator. Paralelamente, por isso, trabalhei em restauração e, recentemente, voltei para casa porque decidi que não devia ter um part-time para poder investir na minha profissão a sério. Decidi que tenho de focar-me, a fulltime, na cultura e no que quero fazer, que é ter impacto na comunidade. Também por isso, opto agora por ir mais longe e trabalhar na área de produção, além de me focar apenas na representação.

Por isso, uma necessidade transformou-se agora num bom plano…

R: Foi totalmente coincidência. Decidi que viria e soube da abertura de uma bolsa para assistentes no 23 Milhas que me permitiria, soube depois, trabalhar com a Mandrágora.

Quando é que surgiu essa vontade de ser atriz?

R: Muito cedo, embora a minha mãe me conte que, em pequena, eu queria ser cantora. O que sinto agora, em retrospetiva, é que durante o nosso percurso escolar nos formatam, no sentido de nos educarem para ser só uma coisa. E o que eu percebi no mundo das artes, ou da cultura em geral, é que não existe, ou não deve existir, uma formatação. Deveria existir a possibilidade de nos formarmos em algo, sim, que nos abrisse um mundo de horizontes, opções e caminhos. Não há certo ou errado, existem muitas formas de fazer muitas coisas. A formação faz parte porque é importante ter regras, mas também é importante criar a partir da origem.

Depois dessas passagens, até por Espanha, que será outra realidade, como é voltar a casa?

R: Não venho com medo. Já sentia necessidade de voltar a casa há algum tempo. Apesar de todas as oportunidades que existem lá fora, comecei a sentir que era um mercado um pouco ganancioso, em que tínhamos de nos vender de formas muito cruéis. Vendermos a nossa imagem como se fosse descartável, que é um bocado o retrato da sociedade em que vivemos atualmente. Senti que tinha de fugir à futilidade que encontrei lá fora e trazer para casa o que encontrei de bom. Vou investir em grupos locais em que possa dar o meu contributo. Fazê-lo no sítio em que nasci é mais significativo e mais gratificante do que fazê-lo em qualquer outro sítio do mundo.

Como vês o projeto 23 Milhas?

R: Vejo como um oásis no deserto, uma esperança. Eu conheci o projeto há um ano, quando estava fora, vi alguns espetáculos, mas não tinha uma grande conexão com o projeto. Quando cheguei, agora, e vejo o que foi feito, leio sobre o que aconteceu, consigo sentir o impacto, vejo como cresceu e quero fazer parte dele. Isso também torna o meu regresso mais confortável. Saber que há algo que nos identificamos que nos acolhe é muito bom.

No Palheta, em março, de que forma vais integrar o projeto com a Teatro e Marionetas Mandrágora?

R: Na verdade, ainda posso responder a essa pergunta porque ainda não me reuni o suficiente com a companhia (risos). Sei que mesmo que não possa contribuir como atriz, terei um papel importante na criação da ligação entre a comunidade e os artistas. E, como disse, regressei aberta a novas possibilidades, versátil. Sobretudo se tiver a ver com pessoas. Tudo o que tem a ver com chegar às pessoas agrada-me.

Qual tem sido o teu percurso profissional?

Victor: O meu percurso profissional tem sido muito diferenciado. Sou músico e membro-fundador dos The Lemon Lovers; sou label-manager da Chilli Pepper Fields, uma nova editora/colectivo/produtora; sou também produtor executivo de Pinehouse Concerts, um canal independente de divulgação de música. Paralelamente, ainda faço produção nos festivais Vodafone Paredes de Coura, NOS Primavera Sound, MIMO Amarante e produzo concertos para a promotora Ritmos. Tenho tido também a oportunidade de acompanhar vários artistas como tour/prod manager em digressões nacionais e internacionais.

Qual a tua ligação a Ílhavo?

V: A casa dos meus pais é aqui bem perto, vivi na praia da Barra e depois na Gafanha da Nazaré.

Porquê voltar a casa ou porquê voltar a casa para criar?

V: Tenho saudades desta calma, tenho um trabalho que exige muito de mim (fisicamente e emocionalmente) e preciso de regressar a um sítio calmo para encontrar o equilíbrio no que faço: que é criar, produzir, dinamizar. Em Ílhavo, consigo ser bastante produtivo pela qualidade de vida que aqui encontro.

Como vês o 23 Milhas na criação de cena em Ílhavo?

V: Tenho uma enorme admiração pelo 23 Milhas. Já tive o prazer de trabalhar convosco no Festival Rádio Faneca, em 2016, quando estive com os The Lemon Lovers. Como produtor, a equipa de produção do 23 milhas é espetacular. A Catarina e o Vasco são a prova viva que existem excelentes profissionais que conseguem trabalhar sempre com um sorriso na cara! Como espetador, tenho muito respeito pelo trabalho do Luís enquanto programador. Consegue dinamizar todas as áreas da cultura (música, dança, performance, teatro, debate, festivais) de uma forma única, que dinamiza, educa e, ao mesmo tempo, envolve as pessoas de Ílhavo. Ao ver e experienciar projetos assim, fico com vontade de trabalhar com o 23 Milhas e fazer parte desta mudança de panorama cultural.

O que espera do concerto dos The Lemon Lovers no Laboratório das Artes?

V: O público pode esperar um ambiente especial. Estamos a trabalhar hà bastante tempo para que possam sentir a energia certa, tanto por parte dos Lemon como por parte dos projetos que nos vão acompanhar, pelos quais tenho muito carinho.

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