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(no site) Olhar por dentro — As obras de Frari - Architecture network

AS OBRAS DE FRARI - ARCHITECTURE NETWORK

com a arquiteta Maria Fradinho

Maria João Fradinho, arquitecta ilhavense, depois de viver fora e noutros lugares de Portugal, regressou a Ílhavo em 2011 para criar o seu próprio estúdio de arquitectura Frari - Architecture Network. A Talkie-Walkie convidou-a para especialista desta visita Olhar por Dentro pela vontade de mapear formas de trabalhar no próprio território à luz de aprendizagens em contextos diferentes. Nesse sentido, as obras selecionadas para este percurso, a Casa do Arco (uma construção de raiz que é também a casa da própria arquitecta) e a Casa dos Anos 40 (uma reabilitação a pedido de um cliente particular), enquadram, pois, diferentes posturas relativamente ao projecto e métodos de desenhar para realidades distintas.



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Maria João Fradinho Ribeiro (1984) nasceu em Ílhavo e formou-se em Arquitetura pela FAAUL Porto período durante o qual se dedicou à compreensão e ao exercício da relação entre os edifícios e a sua envolvente, pelo que sempre procura respeitar a paisagem, relacionando a arquitectura com a natureza que a contextualiza.


Viveu entre Valencia, Espanha, e Amesterdão, Holanda, aprendendo através da investigação e da estreita relação com outras práticas de arquitectura, que toma sempre como referência para os seus projectos desde que regressou, em 2010, a Ílhavo. Desde a sua fundação de Frari - architecture network, desenvolve projectos nas áreas de arquitectura, urbanismo e design de interiores, com um vincado traço formalista, mas nunca prejudicando a qualidade espacial.


A projeção obtida nos últimos anos resultou em várias nomeações para prêmios internacionais de arquitetura, tendo sido eleito “O melhor atelier de arquitetura do noroeste de Portugal” pela BUILD Architecture Awards 2019.

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Começando com uma pequena deambulação nas periferias da Vista Alegre podemos encontrar, entre a Estrada das Oliveiras e a Rua da Chousa Velha, um Arco que marca a entrada desse lugar fabril. Em modo quebra gelo, a arquitecta inicia a visita com uma partilha entre sorrisos:

“No processo de desenhar a minha própria casa, o mais exigente foi conciliar as expectativas enquanto cliente, parceira, mãe e projectista de um espaço que desde pequena imaginei como seria se um dia pudesse fazê-lo.”

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© Ivo Tavares

No 33 da Rua da Chousa Velha, a contemporaneidade dos materiais e o desenho da fachada da Casa do Arco encenam uma certa “teatralidade”, detancando-se pela referência ao contexto industrial da VA ali próximo como pela invocação do arquétipo de casa (telhado de duas águas), intenções de um projecto que Maria João nos convida a explorar.

Ao passarmos pelo portão, encontramo-nos num pátio que nos introduz ao privado entre o muro e a porta,  e daí percorremos, por esta ordem, um hall (como um abraço em madeira), a cozinha (como corredor entre móveis que escondem os utensílios e tecnicidades da casa) e, por fim, a sala (de pé-direito triplo, ligando todos os andares da casa) que pode crescer para o espaço de garagem quando necessário (deslizando uma parede-porta). A incrível luz que entra pelo envidraçado é decomposta por perfis metálicos fortemente desenhados, perfurando toda a casa e unindo as suas vivências.

“Uma característica pouco vulgar nesta casa é o facto da garagem que se pode abrir para o carro atravessar, literalmente, o interior da casa - bem ali, no lugar do sofá! - e parquear no logradouro. Coisa que só fizemos duas vezes até agora. Mas nunca se sabe…!”

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© Ivo Tavares

Saímos para o profundo jardim e olhamos a volumetria de carácter industrial, revestida uniforme e inteiramente a chapa. Uma forma rígida que permite um jogo dde volumes no interior, como a imagem de “contentores empilhados no porto”.


Voltado ao interior, subimos as escadas e, neste piso, subtraem-se espaços de brincar, quartos, armários e banhos com relações visuais entre si. Todos se desenham como nichos.



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© Ivo Tavares

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Cada espaço representa o que é: a sala, como espaço social, é de pé direito triplo e o quarto de brincar para uma pessoa que precisa de pouco mais de três metros quadrados “assim é possível controlar a desarrumação dos brinquedos e criamos a possibilidade de um quarto de visitas no futuro”.


Na memória descritiva do projecto pode ler-se: “inspirado em contentores de navios, o jogo de volumes com que o interior é desenvolvido, cria um pé- direito total em algumas áreas, recriando o grande ambiente industrial de uma nave principal. Este conjunto de diferentes alturas dos tetos amplia os espaços e torna-os mais abrangentes, proporcionando uma relação visual entre os diversos locais da casa.


Desta forma, é assegurada a sensação de um único espaço ocupado por elementos menores, que se distribuem no edifício num movimento “deslizante” ao longo do seu comprimento, criando um ritmo que quebra a monotonia do corpo exterior do edifício.

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© Ivo Tavares

Devido a restrições de construção, o piso de cave que se projetava para as instalações do atelier, não foi construído o que conduziu a uma reformulação global do projecto mesmo durante a obra, mas foi garantida a essência do original.

Esta casa, desde o portão de entrada às aguas furtadas, oferece ao corpo um jogo de escalas, de compressão-descompressão dos espaços, cheios e vazios, luz e contra-luz, planos e volumes, transparências e pés direitos diferentes. Elementos dinâmicos que promovem novas experiências ao quotidiano desta família de três e que se manifestam como homenagens ao património do território envolvente.

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Testemunho de Maria Fradinho

“Efectivamente, há sempre muito para descobrir para além dos desenhos de arquitectura!”



Ouça as histórias que inspiraram Maria Fradinho para o projecto da sua casa.

Testemunho de Ivo Tavares

participante e fotógrafo de arquitetura



O fotógrafo Ivo Tavares (Ivo Tavares Studio) que fotografou esta obra já completa, esteve presente na visita que amavelmente fotografou e aproveitámos para saber como foi o seu processo de trabalho neste caso.


“Foi verdadeiramente desafiante enquadrar os interiores do edifício sem desvirtuar o que se sente ao estar e viver aqui, dada a enorme exposição solar e os espaços de dimensões tão diferentes que criam grandes contrastes de luz, querendo.”

Entretanto, com tantas surpresas e esconderijos que se desdobram na casa, prosseguimos já depois do previsto, para a segunda obra, no número 69 da Rua Dr. Samuel Maia, de casas baixas, bem à escala do centro histórico.

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Ao contrário da anterior, a Casa dos anos 40 está como se só ali pertencesse, bem enraizada, com os seus traços do Português Suave, entre alguns edifícios desenhados de regionalismos e Arte Nova. É feita por alvenarias de adobe e interiores em tabique.



Durante as décadas de 1940 e 1950, um grupo de arquitectos, em resposta às vontades do Estado Novo, tentava criar um estilo profundamente nacional. Este processo consistiu, muito resumidamente, em introduzir elementos da arquitectura vernacular e tradicional na construção já moderna, ação muito criticada e satiricamente designada por Português Suave.


“ PORTUGUÊS SUAVE é a designação pela qual ficou conhecido o estilo desenvolvido por uma corrente de arquitetos que, já desde o início do século XX, procurava criar uma arquitetura “genuinamente portuguesa”, utilizando as características modernistas da engenharia, disfarçadas por uma mistura de elementos estéticos exteriores retirados da arquitetura portuguesa dos séculos XVII e XVIII e das casas tradicionais das várias regiões de Portugal, e que se popularizou como estilo nacional imposto aos programas públicos, sobretudo após a Exposição do Mundo Português, em 1940. Foi, no entanto, duramente atacado por um grande número de arquitetos, que o acusaram de ser provinciano e desprovido de imaginação, e que o passaram a designar por Português Suave, adotando o nome de uma marca de cigarros.” - texto extraído do artigo “Grupos Escolares construídos ao abrigo do Plano dos Centenários em Lisboa — 1944-1961” - http://www.monumentos.gov.pt

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Durante a visita não se refere exactamente a quem pertenceu, mas o desenho amplo e cuidado dos espaços sociais da casa declaram que era importante para a família receber bem os seus convidados, mas só na escadaria de madeira trabalhada e nos salões do piso superior. Isto porque a cozinha e os restantes espaços no piso térreo remetem ainda para uma realidade muito próxima do contexto rural, apesar das impressionantes carpintarias que podemos experimentar ainda em perfeito estado de conservação.

Depois de controlada a curiosidade por uma casa fechada, imediatamente reconhecemos que os modos de habitar hoje são bem diferentes do que eram aquando desta construção e a proposta das arquitectas Frari para a reabilitação do edifício faz-se “com o respeito máximo pelo desenho original, intervindo apenas onde as novas necessidades assim o exijam”.



No piso térreo, os interiores serão profundamente alterados, à exceção do hall de entrada (com mais cuidado no seu desenho), propondo-se romper a compartimentação para dar lugar a um único espaço. Nesta ideia de circulação livre, uma das premissas para este projecto passa por potenciar as relações interior-exterior que esta moradia merece e um dos gestos mais fortes nesta proposta é acrescentar um novo volume “leve, geométrico, e abstracto”, que suporta uma pérgula metálica com telas deslizantes em lona, criando um novo espaço de estar e convívio no exterior, como uma extensão do interior até à futura piscina. Outra decisão importante é a reabertura da antiga varanda no primeiro piso, oferecendo a mesma dignidade que uma frente de rua ao alçado posterior do edifício.

Esta experiência de imaginar possibilidades e pensar as potencialidades de um projecto ainda em papel, criou tanto entusiasmo no grupo que ficou ali prometida uma segunda visita quando a obra estiver concluída.


E que venham outras tantas!

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e porque o conhecimento ocupa (bom) lugar...



A toponímia do lugar Chousa Velha, refere-se (não sendo forçosamente a verdade neste sítio) a coisa velha, parcela de terreno antiga, antigo pomar ou antiga horta. Mas sobre os nomes e memórias das ruas e lugares de ílhavo, o Arquivo Municipal desenvolveu o projecto “Se esta rua fosse minha” que cresce com as contribuições de quem tem histórias e saberes para partilhar. Obrigada à Historiadora Eliana Fidalgo contribuiu para esta curiosidade.

A construção em Adobe consiste no uso de tijolos não cozidos compostos por materiais naturais: terra, água e palha ou pedra. Poderá consultar a nossa visita com a arquitecta Alice Tavares para saber mais sobre este tema.

Na Rua Dr. Samuel Maia existe um projecto de reabilitação e ampliação de uma moradia pelo escritório de arquitectura Topos Atelier (no número 106), o mesmo escritório que participou na reabilitação de um palheiro na Costa Nova muito próximo ao Cais Criativo. Também já visitámos esse projecto!

Pode conhecer mais obras de arquitectura em Ílhavo a partir da lente fotográfica de Ivo Tavares Studio aqui.

As memórias descritivas do projecto poderão ser descarregadas aqui

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