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(no site) Olhar por dentro - O Arquivo de Octávio Lixa Filgueiras

O ARQUIVO DE OCTÁVIO LIXA FILGUEIRAS com a Professora Teresa Soeiro

A conjugação entre a técnica do desenho e observação enquanto arquitecto e o seu gosto pelos temas marítimos da cultura portuguesa, faziam de Octávio Lixa Filgueiras um investigador das embarcações tradicionais, assim o define a professora Teresa Soeiro. Desafiada depois de orientar a visita, a convidada deste Olhar Por Dentro escreveu este artigo que nos orienta através do fundo especial de Octávio Lixa Filgueiras arquivado no CIEMar - Centro de Investigação e Empreendedorismo do Mar, em Ílhavo.



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Nide Marques dos Santos nasceu em 1991 em Martigny (Suíça).

Formou-se em Arquitetura pela Universidade de Coimbra (2016), tendo desenvolvido a dissertação de mestrado com o tema Arquitetura e Memória: o palheiro como objecto de identidade territorial.


Através do seu escritório Nide Santos arquitectura (Cantanhede) desenvolve projectos na área de arquitectura, com particular interesse no estudo da arquitectura rural e preservação da paisagem.

Octávio Lixa Filgueiras, investigador das embarcações tradicionais

Foi no último sábado de Novembro de 2019 que nos encontrámos no CIEMar - Centro de Investigação e Empreendedorismo do Mar, subunidade do Museu Marítimo de Ílhavo.

E fizemo-lo porque em 2007 foi incorporado nesta instituição, mediante protocolo com os herdeiros, o espólio documental do Prof. Arquitecto Octávio Lixa Filgueiras (Porto, 1922-1996), que contém mais de 6.000 títulos sobre temáticas marítimas, assim como um valioso acervo de desenho técnico e fotografia de embarcações tradicionais de todo o país, incluindo, evidentemente, as da laguna de Aveiro e os barcos de mar do litoral central.

Após as boas-vindas, o périplo teve início na Reserva que acolhe o fundo bibliográfico doado, num primeiro contacto imersivo para os participantes; um passo adiante, detivemo-nos na sala da Biblioteca, onde nos aguardava uma mostra da obra deste incansável investigador e professor.



Em redor da grande mesa, preparada expressamente para a sessão, puderam ser consultados alguns dos seus mais conhecidos trabalhos publicados e visualizados exemplares dos originais de desenhos de embarcações. Juntámos também exemplares dos inquéritos de campo, trabalhos escolares que o Professor solicitava aos seus estudantes da ESBAP, nos anos sessenta, para que, durante as férias, fossem ganhando sensibilidade e prestassem atenção ao que os rodeava, sob o lema «conhecer para compreender» (ver: GARRIDO, A.; ALVES, F (coord.), 2009, Octávio Lixa Filgueiras: arquitecto de culturas marítimas. Lisboa: Âncora Editora).

© Talkie Walkie

© Talkie Walkie

Em colaboração com os técnicos do CIEMar, seleccionámos ainda para esta mostra um pequeno núcleo de estudos clássicos sobre embarcações e comunidades marítimas portuguesas (por exemplo de Santos Graça para a Póvoa, Rocha Peixoto sobre o litoral central e de José de Castro relativos à laguna de Aveiro), disponíveis para a leitura pública, pretendendo assim melhor contextualizar o autor alvo da nossa conversa, que foi sempre acompanhada e enriquecida pelo testemunho em primeira pessoa do seu filho, prof. Miguel Filgueiras.

Os responsáveis da instituição conduziram-nos de seguida até ao Arquivo, onde está devidamente acondicionado e inventariado um variado espólio que nos deixa entrever o método de trabalho e o percurso de Lixa Filgueiras como investigador.



Aí figuram as fichas em que sistematizava a informação recolhida em trabalho de campo e a trazida por estudantes e colaboradores, as notas tomadas de leituras bibliográficas, a correspondência com investigadores nacionais e estrangeiros, os primeiros esboços dos seus próprios trabalhos e as sucessivas ampliações e correcções, mesmo aqueles que, apesar da relevância e adiantada elaboração, não chegou a completar, como a tão necessária síntese intitulada Manual de Etnologia Naval Portuguesa: Embarcações de Portugal, Outros dossiers contêm documentação inerente à sua relação profissional com instituições portuguesas de que foi bolseiro, colaborador, consultor ou responsável; os relatórios apresentados; as notas de deslocações para participar em reuniões científicas e em eventos de organismos internacionais, junto dos quais tantas vezes representou Portugal.

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© Talkie Walkie

Continuando a falar e a andar, chegámos a um terceiro espaço, com lugares sentados e condições para projecção. Aí teve lugar a apresentação sumária da figura central desta visita e das linhas de rumo do seu projecto de estudo das embarcações tradicionais, que recebeu o decisivo impulso em 1954, ano da licenciatura em Arquitectura e também aquele em que teriam acontecido, no Instituto de Antropologia da U. Porto, os primeiros contactos com António Jorge Dias, o nosso mais internacional antropólogo das décadas centrais do séc. XX.



Será António Jorge Dias a integrar Lixa Filgueiras no seu projecto ibérico do Centro de Estudos de Etnologia Peninsular (CEEP), com uma bolsa do Instituto de Alta Cultura para o estudo das embarcações do Douro, temática sobre a qual dera excelente prova na monografia Rabões da esquadra negra, publicada em fascículos na revista mineira O Pejão (1955-1956) e de que autonomizou o livro com o mesmo título (1956), a que se seguiram inúmeros trabalhos apresentados em congressos e enviados para publicação em actas e revistas (ver biobibliografias).

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Das embarcações do Douro com que tinha familiaridade adquirida na ribeira do Porto e em Castelo de Paiva, junto dos construtores de rabelos com quem se relacionava quando residia na Quinta das Eirinhas, Lixa Filgueiras passa a nova missão, a de realizar o estudo das embarcações portuguesas, contributo nacional para o inquérito europeu sobre civilização marítima proposto por René Yves Creston, secretário do Comité Internacional de Etnologia Marítima, aquando do Congresso Internacional de Santo Tirso (1963).



É então que sugere a Jorge Dias criar uma secção especializada do CEEP, vocacionada para a Arqueologia Naval, sediada na Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP). Uma vez aceite, a investigação cresce, dispondo de financiamento mínimo permanente que facilitava as deslocações e a contratualização de trabalho, por exemplo de desenhadores especializados do Museu de Marinha, o que vai permitir a constituição da base de dados a partir da qual são produzidos ensaios individualizados sobre alguns tipos de embarcações e abrangentes sínteses. Algumas das imagens que elaborou para representar esta sistematização permanecem na nossa retina, como o mapa de distribuição das embarcações rabelas e respectivos portos ou a árvore genealógica desta estirpe, e ainda, de âmbito nacional, o mapa de distribuição da tipologia das embarcações tradicionais .

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FILGUEIRAS, Octávio Lixa (1989) - Barco rabelo: um retrato de família. Porto: A. A. Calém & Filhos, Lda.

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FILGUEIRAS, Octávio Lixa (1981) - Barcos de pesca de Portugal. Coimbra: Universidade de Coimbra. (Separata da Revista da Universidade de Coimbra, 28).

De muito mais se falou nesta sessão, dos excelentes barcos de mar como a lancha poveira, às embarcações fluviais do Minho ao Guadiana, com epicentro no Douro que teve desde os grandes rabelos vinhateiros à improvisada jangada de botos dos contrabandistas raianos; do difusionismo na busca remota das origens das embarcações, às comunidades observadas no seu quotidiano de trabalho, celebração e transmissão de conhecimento sobre construção e arte de navegar.

Reflectimos ainda sobre o modo como Lixa Filgueiras procurou incessantemente este conhecimento, como o viveu em família (apresentação feita por Miguel Filgueiras, filho do Arquitecto), o levou para a sua escola e para os círculos internacionais de investigação, o usou para a sensibilização dos poderes instituídos em prol da defesa do património e da arqueologia subaquática.

 

Terminámos da melhor maneira, a construir um rabelo com Mestre Arnaldo, no areio da Lomba (concelho de Gondomar), através da projecção do documentário Arquitectura do Rabelo, realizado pela Sinalvídeo (1992), com orientação científica do Arquitecto.

Naquele dia, conversámos e navegámos.

e porque o conhecimento ocupa (bom) lugar...



> Octávio Lixa Filgueiras foi reconhecido em várias homenagens, das quais destacamos a dedicatória do International Symposium on Archaeology of Medieval and Modern Ships of Iberian-Atlantic Tradition, realizado em Lisboa e com actas publicadas em 2001.

O Museu Marítimo de Ílhavo promoveu o colóquio internacional Octávio Lixa Filgueiras: arquitecto de culturas marítimas, que se debruçou sobre a sua obra e as temáticas que lhe eram queridas. Desta reunião resultou a publicação de 2009 com o mesmo título, editada pela Âncora Editora, sob a coordenação de Álvaro Garrido e Francisco Alves.

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