MENU

Arquivo

(no site) Olhar por dentro - A Salicórnia da Horta da Ria

A SALICÓRNIA DA HORTA DA RIA com Júlio Coelho

A Salicórnia havia chegado aos sentidos da Talkie-Walkie há já muito tempo. Sabendo-a uma espécie autóctone das marinhas de sal, esta visita levou-nos até à Horta da Ria, na Ilha dos Puxadoiros, seguindo as orientações de Júlio Coelho, professor de educação física muito curioso sobre a biodiversidade da Ria de Aveiro e que se dedica à investigação e produção de Salicórnia desde 2013. Fomos então numa verdadeira viagem que observou várias escalas da arquitectura da paisagem humanizada e naturalmente assumida da Ria.



(no site) Olhar por dentro - A Salicórnia da Horta da Ria

Júlio Coelho, professor de educação física e fundador da Associação Quinto Palco, é um dos criadores da empresa Horta da Ria. O desafio de conhecer as potencialidades da Ria de Aveiro, levaram-no à ideia que surgiu em 2013.


O nome da ideia/empresa era SalVerde e pretendia produzir e comercializar a salicórnia como um vegetal substituto do sal.


Em 2015 deram corpo a esta ideia e em 2016 surgem os primeiros passos na produção e recolha da salicórnia na Ilha dos Puxadoiros, logo depois do regresso de Júlio de uma estada semestral na Índia, enquanto treinador/formador da NBA. Em 2017 é criada a empresa Horta da Ria e é formalizada a parceria com a Ilha dos Puxadoiros, o que permitiu um crescimento sustentado.

(no site) Olhar por dentro - A Salicórnia da Horta da Ria

Descarregar mapa de percurso

Antes de embarcarmos, tivemos a maravilhosa oportunidade de escutar o Historiador Paulo Morgado que, sendo amigo de longa data do nosso especialista e prata da casa nas visitas da Talkie-Walkie, aceitou o convite para se juntar a nós, e aproveitámos a sua presença para contextualizar as Marinhas de Sal da Ria de Aveiro.

Apesar da sua natural integração na paisagem da Ria, as Marinhas são estruturas artificiais construídas no século XV. Protegendo a costa, que antes se via sempre afrontada pela força do mar e usufruindo desse recurso, estas estruturas foram determinantes para o desenvolvimento da região.



Paulo Morgado sublinhou que:

a construção da Barra de Aveiro no século XIX, 1808, foi concedida ao Capitão-Mor de Ílhavo pelo Rei. Esta estrutura potenciou a evolução da economia da região porque, artificialmente, foi capaz de proteger as produções de SAL, do MOLIÇO (algas da laguna que se utilizavam na proteção das dunas), do ESCASSO (fertilizante que resulta da moagem de peixe miúdo, o regional cheira a escasso) e a própria vila de Aveiro.

(no site) Olhar por dentro - A Salicórnia da Horta da Ria

Navegando Ria acima, as marolas que se formavam à superfície eram resultado da nortada que se sentia, acompanhada das salgadas gotas que se iam sentindo entre todos. Observámos as casinholas que assinalam cada marinha. Nessas espartanas e pequenas edificações, pinta-se a toponímia da marinha sobre um painel de azulejos - Marinha dos Burros, Marinha das Vacas, Marinha Silva Vieira, Marinha da Gravita, Marinha das Leonardas... são incontáveis. Entrámos cautelosamente no Esteiro dos Frades, para não en- calhar nos cabeços que se intimidavam com o subir da maré, canal que conduz ao cais de embarque de destino.


Já na Ilha dos Puxadoiros, Júlio introduziu-nos ao ciclo da Salicórnia. A planta germina nos meses de Fevereiro, Março e pode ser colhida até finais de Julho inícios de Agosto. Depois floresce e seca entre os meses de Setembro e Outubro, libertando as sementes que serão as plantas no ano seguinte. Durante os meses mais frios, os campos vão sendo irrigados alternadamente, de acordo com o estado em que as plantas se encontram (mais ou menos hidratadas). Já durante os meses frios e chuvosos, alagam-se os campos (a água impede o sol de vitalizar o solo, evitando o crescimento de espécies indesejáveis).



Ilha dos Puxadoiros é o nome comercial que denomina o conjunto de 7 marinhas. Estas subdividem-se em campos com produções diferentes - sal (e flor de sal), ostras, salicórnia - cuja irrigação se faz através de um sistema rudimentar. Este sistema consiste numa rede de canais / comportas que permitem a água salgada passar nos campos das marinhas. Um sistema que funciona com o declive dos campos e o aproveitamento das marés.

Bom, a Salicórnia trata-se de uma planta halófita, cuja estrutura alongada se ramifica em pequenos caules suculentos, atingindo cerca de 30 cm de altura. É halófita porque se produz em meio salobro, sendo tolerante a uma concentração de sal de cerca de 70%.

O seu desenvolvimento produz dezenas, senão centenas, de microscópicas sementes que se libertam para as imediações, voando e plantando-se de forma selvagem nestas marinhas. Não é senão uma produção biológica. Mais natural que isto, impossível.

(no site) Olhar por dentro - A Salicórnia da Horta da Ria

Observando com atenção as plantas, Júlio explicou como se identificam as plantas prontas a cortar e comercializar como produto fresco (capaz de se manter no frio por 20 dias) e as que já se encontram em flor. Como a planta é sazonal, procuraram-se alternativas para estender o seu período de consumos através de produtos transformados, nomeadamente a salicórnia em conserva e salicórnia em pó.



Estas, por se sentirem mais fibrosas ao mastigar, sob a lógica desperdício zero, os fundadores da Horta da Ria exploraram produtos que usufruíssem deste recurso, dando origem à salicórnia em pó (depois de convenientemente desidratada).


O processo de corte era, até 2019, feito manualmente com tesoura. Mas dado o aumento da produção e rentabilidade, a empresa Horta da Ria (em parceria com a Escola Profissional de Aveiro e a Universidade de Aveiro) desenvolveu um protótipo para máquina de corte de salicórnia, o que permite rentabilizar as colheitas “e poupar as nossas costas e mãos”.


Dos garrafões de água à tonelada que se apanhou no ano de 2019, a empresa vê-se, humildemente, num desenvolvimento que muito  contribui para a boa manutenção das marinhas, hoje muito abandonadas. Hoje, a Horta da Ria comercializa salicórnia fresca, salicórnia em conserva e salicórnia em pó.

A visita terminou em grande, com o Sr. Henrique, um dos sócios e responsável pela exploração dos diver- sos recursos da Ilha dos Puxadoiros, bem como pela sua manutenção, a deixar o convite para uma outra visita com degustações e estadias mais prolongadas!


Sr. Henrique, fica prometido!

(no site) Olhar por dentro - A Salicórnia da Horta da Ria

Descarregar mapa do percurso

e porque o conhecimento ocupa (bom) lugar...



Na década de 1960 existiam cerca de 130 cais, entre Vagos e Ovar, onde centenas de barcos circulavam diariamente para a comercialização de diversificados produtos (uma variedade de cerca de 60). A região dependia deste afluente tráfego marítimo.

Dado o intenso trabalho que a produção de sal requer, muitos marnotos viviam nas marinhas, com as suas famílias.

Contrariamente ao que hoje revela a salicórnia como uma verdadeira iguaria, antigamente os marnotos designavam-na por “planta do diabo”, porque crescia nas suas salinas, como uma praga, arruinando a produção do sal. Davam-na então de alimento aos porcos que, dada a sua componente salgada, criavam-se mais rechonchudos. E, por isso, alguns habitantes da Gafanha conhecem a salicórnia por “rechoncha”.

Rica em vitaminas, proteínas, ácidos gordos e sais biológicos altamente assimiláveis e vitais para o equilíbrio alimentar, a salicórnia é comestível e pode substituir o uso do sal na gastronomia (à razão estimada de 20g para 100g de sal). Há quem a designe por espargos do mar.

A Horta da Ria tem uma parceria com a Moagem Carlos Valente, em Vale de Ílhavo, local onde é produzida farinha de trigo com salicórnia. Sobre Moagens, poderá visitar o artigo sobre a visita realizada em 2018 com o Historiador Paulo Morgado, onde visitámos a moagem do Sr. Urbino e aprendemos mais sobre a arquitectura daquele território.

A farinha de de trigo com salicórnia está nas bocas do mundo a partir do pão que sai aos sábados na Padaria Cidade, na Gafanha da Nazaré.

Arquivo relacionado

Ver arquivo completo →

Planteia
OFICINA
24
Set
10:30
Planteia em família
"A memória das árvores"

As árvores são seres vivos que vivem muito anos. Será que as árvores têm memória? Que memórias guardam as árvores? E nós, que memórias temos das árvores?

Planteia
OFICINA
10
Set
10:30
Planteia em família
Oficina dos Superpoderes

As plantas têm superpoderes, nós só temos de os descobrir. Sabiam que podemos fazer poções para a calma com flores? E que, para ficarmos concentrados, só precisamos de cheirar uma planta?

Planteia
OFICINA
6
Ago
10:30
Planteia em família
Oficina dos Pássaros

Os pássaros encontram no Planteia um lugar no centro da cidade para parar. Que histórias trazem os pássaros destas viagens que todos dos dias fazem sobre os telhados de Ílhavo?

Cais Criativo
TEATRO
23
Set
19:00
Orquídea
Bandevelugo + Comunidade a partir de Natália Correia

Orquídea é a procura de um novo espaço de transgressão, em que palco e poesia se unem para explorar o erotismo, a liberdade e o feminino.

Cais Criativo
MÚSICA
5
Ago
19:00
Coro da Madrugada
interpreta José Afonso

Foi a comunidade que aceitou trazer a sua voz (e a de outro amigo também) para celebrar em conjunto o legado de José Afonso.

Município de Ílhavo
DANÇA
11
Jul
10:00
Companhia Jovem de Dança
Inscrições para a nova criação

Os trabalhos para a nova criação de Companhia Jovem de Dança de Ílhavo arrancam já no dia 16 de julho, na Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré. Este ano, a Companhia trabalha não só com as escolas do Município de Ílhavo, como estende o desafio a todos os jovens dos 14 aos 18 anos, com formação prévia em dança.

Casa Cultura
TEATRO
29
Jul
21:30
Templo de Sílica
xullaji & Peles Negras Máscaras Negras

Este é um ensaio, permanentemente em aberto, sobre tecnolatria, fascização tecnológica, colonialismo digital e necropolítica, que explora a ideia de humanização das máquinas e da robotização dos humanos.

Planteia
OFICINA
23
Jul
10:30
Planteia em família
Oficina das Flores

Já viram uma flor? Mas já olharam mesmo bem para cada flor?

Fábrica Ideias
TEATRO
30
Set
21:30
Os Idiotas
Terceira Pessoa

Um grupo de atores e atrizes junta-se para questionar o seu ofício e a sua existência enquanto agentes do acontecimento teatral.

Cais Criativo
MÚSICA
25
Ago
19:00
COBRACORAL
Concerto

COBRACORAL entrança as vozes de Catarina Miranda, Clélia Colonna e Ece Canli. Miranda explora a oralidade de um ângulo coreográfico, Colonna pesquisa sobre as tradições polifónicas da Ásia e do Mediterrâneo, e Canli investiga práticas de voz expandida.

SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER

Bol - Bilheteira Online
Tel.

234 397 260


Para assuntos relacionados com bilheteira contactar os números 234 397 263

©2019 23 Milhas
(no site) Olhar por dentro - A Salicórnia da Horta da Ria
23milhas.pt desenvolvido por Bondhabits. Agência de marketing digital e desenvolvimento de websites e desenvolvimento de apps mobile