Arquivo
OS
TOPÓNIMOS DE ÍLHAVO com a arquivista Eliana Fidalgo e o historiador Saul Gomes
Como parte da
investigação de um lugar, a toponímia é um dos estudos que gera pistas para
conhecer mais. Em Ílhavo, no decorrer do projeto "Se esta rua fosse
minha”, levado avante pelo Centro de Documentação de Ílhavo, a intensa pesquisa
sobre os topónimos das quatro freguesias do município, procura recolher informação
sobre a História do concelho, assim como curiosidades inerentes a cada rua,
beco, praça, ponte, entre outros. Querendo contribuir para este trabalho, a
Talkie-Walkie desafiou a arquivista Eliana Fidalgo e o Historiador Saul Gomes
para nos guiarem por alguns dos topónimos que remetem as Idades Média e
Moderna.
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Eliana Fernandes Fidalgo é Técnica Superior de Arquivo e
coordenadora do Centro de Documentação de Ílhavo.
Saul Gomes licenciou-se em História e Mestre em História Medieval (1989), pela
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (1985).
Doutorou-se na especialidade de História Medieval (2000), pela Universidade de
Coimbra, onde lecciona, desde 1987 e, desde 2009, é Professor Associado com agregação.
Saul Gomes foi o Coordenador Científico da publicação Ílhavo Terra Milenar.
Descarregar mapa do percurso
Hoje em dia, conseguimos desenhar percursos com exatidão,
olhando os mapas a partir de ecrãs digitais que permitem facilmente interpretar
o território e, simultaneamente, em diferentes escalas (desde a totalidade do
globo ao detalhe do número de porta). Contudo, o nome dos lugares (sejam esses
cidades, ruas, ou fontes), o seu topónimo, permanece como invariável neste
processo de investigação, embora muitos se ajustem ao longo dos tempos para
contar outra narrativa. Do grego tópos, «lugar» e ónyma, «nome», o topónimo de um lugar permite pois
localizá-lo num mapa, identificá-lo em conversa e, quando percorremos um território,
serve de referência para nos situarmos.
Nesse sentido, esta visita, inspirada no discurso de Álvaro
Domingues sobre as viagens em autocarro, teve muito da cidade como cinema, em
que as janelas viraram ecrãs para contar os saberes e os dizeres dos lugares
por onde passámos.
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A ordem pela qual aqui se narram os topónimos não corresponde
ao percurso daquela manhã, tendo esse sido o seguinte:
- Casa da Cultura de Ílhavo (passámos pela capela de Nª Sª Pranto
e virar na Igreja Matriz para voltar à Av.25 de Abril em direcção à Ria)
- Feira dos Treze
- Soalhal
- Murteira
- Lagoa do Grou - Lagoa
do Soalhal
- Moleiros - Esteiro de
Minhotos
- Ermida (de S. Cristóvão)
- Vale de Ílhavo
(seguimos até Rua dos Moitinhos,
passando o Cima de Vila e Ribas)
- Medela (pela
Estrada Nacional 109)
- Verdemilho - Rua
do Capitão Lebre (pela Estrada
Nacional 109)
- Quartel GNR de Aveiro
Saindo da Casa da
Cultura, percorremos o atual centro de Ílhavo, marcado pela Capela Nossa
Senhora do Pranto, o Tribunal, a Rua Arcebispo Pereira Bilhano, a Praça da
República, a Igreja Matriz e o Jardim Henriqueta Maia. Contou-se, pois, o que
se sabe do início de Ílhavo: a sua primeira referência documentada é de 1047 -
Villa Iliavo - e a segunda
refere-se à ermida de S. Cristóvão, entre Ílhavo e Sosa. E para lá fomos.
Nesse lugar da
Ermida de S. Cristóvão houve uma capela na Idade Média dedicada a esse que era
o padroeiro dos viajantes. Terá sido um lugar de piratas, pois o Atlântico
espraiar-se-ia até ali e foi concelho autónomo até 1835, tendo apenas sido
integrado no de Ílhavo depois dessa data. Enquanto concelho eclesiástico que
foi estava ligado à Sé de Coimbra, detendo a Quinta do Paço (que a certa altura
foi residência dos Pinto Basto da Vista Alegre).
Fomos também para
Vale de Ílhavo, lugar agrícola, de azenhas, padeiras (das famosas padas de Vale
de Ílhavo) e de Cardadores. Passámos pelos Moitinhos, de pequenas moitas, até
Ribas, um dos lugares mais altos do concelho.
Chegando ao lugar
de Alqueidão - Alqueidão do Couto de Ílhavo, 1494 - e que hoje dá o nome à rua
homónima (paralela à Avenida
25 de Abril), sabemos que alqueidão significa acampamento e este terá sido o
lugar dos lavradores, sendo possível ainda ver as ruínas da casa mais antiga do
concelho, datada do século
XVI. Rua Frederico Cerveira 72.
Seguimos para Oeste, para o atual bairro dos pescadores da
Malhada, assim associado pelas redes de pesca que se estendiam pela laguna. Já
do Cais da Malhada saía a Ponte Juncal Ancho (Juncal = praia de junco; ancho = grande), construída na década de 1830, aproximando as comunidades
de S. Salvador e das Gafanhas, travessia feita até então em barcas (a Barca da
Passagem). Também a Barquinha (Vila da
Barquinha) terá tomado esse nome porque, pensa-se, ali haveria um barqueiro que
faria a travessia S. Salvador - Gafanhas.
A norte disto, passámos por Coutada (uma área destinada à agricultura e à caça) e
Medela, que poderá ter sido um lugar de enterramentos durante o Neolítico, faz
fronteira com o concelho de Aveiro e fica junto ao crasto da Universidade (um
aldeamento na pré-história).
Verdemilho, que já pertenceu ao concelho de Ílhavo e atualmente a
Aveiro, denomina a antiga Vila de Milho onde se situava o celeiro e os
habitantes do concelho pagavam os seus impostos aos donatários. E, por fim, já
que estávamos fora dos limites da cidade, fomos ao antigo Lugar de Sá, o
enclave ilhavense, situado no meio do concelho de Aveiro. Este era um lugar de
pescadores e, no século XVI, aí se situava a casa da Câmara de Ílhavo (onde o
foral Manuelino foi entregue ao juiz e aos vereadores, a 2 de setembro de
1516).
Traçámos este itinerário, assumimos estes
lugares e focámos aquelas épocas (medieval e moderna), mas podíamos ter
visitado outros lugares, observado outras escalas - mais próximas ou mais
abrangentes. Através destes pontos surgiram logo novas visões do que terá sido Ílhavo
e deixámos o convite a todos para questionarem sobre a sua própria rua ou beco.
Até porque cada topónimo acrescenta narrativas que diversificam e adensam um
território. Mesmo quando os nomes já foram outros ou se referem a um
evento/facto que já não se verifica.
E assim falámos da presença a partir da
ausência.
e porque o conhecimento ocupa (bom) lugar...
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O caminho em frente à capela da Ermida (S.
Cristóvão) é designado por caminho do Bispo. O Paço da Ermida foi instituído por
Rui de Moura Manuel, no séc. XVII. Tinha como irmão Manuel de Moura Manuel, que
foi bispo de Miranda, Inquisidor e Reitor da Universidade de Coimbra. Este
passava algumas temporadas em casa do irmão, e fazia alguns passeios até às
margens da Ria. Utilizava este caminho pelo que ficou a designar-se como
caminho do Bispo. Foi nestas visitas que conheceu um lugar com excelentes
vistas sobre a Ria (Rio Boco) e aí manda construir em 1693 uma capela em honra
de Nossa Senhora da Penha de França, a capela da Vista Alegre.
Este contributo foi feito pelo engenheiro
geólogo Paulo Morgado.
Arquivo relacionado
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Há uma paisagem em Portugal que, não
parecendo à primeira vista, é constante e típicamente nacional, manifestando-se
em formas diferentes ao longo das várias geografias do país.
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No final de 2016, apresentava-se à cidade a nova entidade
cultural de Ílhavo, o 23 Milhas. Mas dar a conhecer este projeto de cultura é
também conhecer as suas “entranhas”, desde as suas pessoas aos seus
equipamentos (logo quatro!).
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Filipe Serra Carlos é, para além de historiador de arte, um enorme curioso por tudo
o que o rodeia em qualquer viagem que faça. Foi ao participar numa das nossas visitas
Olhar Por Dentro que surgiu o convite da Talkie-Walkie para o ter como especialista
numa visita sobre a Arte Nova.
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É
fácil encontrar detalhes do modernismo nas ruas do município de Ílhavo, do
centro à Costa Nova, em direção às Quintãs ou no Vale de Ílhavo. Mas há obras
que se destacam pela originalidade do seu desenho, não se assemelhando a nada
mas reportando para o seu contexto.
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DESCRIÇAO - Robertos e MarionetasUr, ipidit essit lant asseque nes ex et od que quiscipicae none dolorio tet disto occus doles dolestibus dita eosanda et pre sant…
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Nem
só de edifícios se fala quando nos referimos a arquitetura. As “casas do mar” também resultam de um trabalho de construção pensado,
medido e preciso, cheio de particularidades técnicas e até estéticas.
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DESCRIÇAO - Robertos e MarionetasUr, ipidit essit lant asseque nes ex et od que quiscipicae none dolorio tet disto occus doles dolestibus dita eosanda et pre sant…
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Em Ílhavo,
surgiram, nas duas últimas décadas equipamentos públicos que referenciam
culturalmente a cidade, não só pela sua programação mas também pela
singularidade arquitectónica, que espelha a (bio)diversidade histórica local.
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Como já dizia o barqueiro Manuel
da Graça, conhecido como Ti Ameixa, “O trabalho das
travessias é coisa a sério” e, nesta visita, Etelvina levou-nos a perceber porquê.
A barca da “passage”, o Cais da Bruxa, o Bairro dos Pescadores e Cais da
Malhada, ou a paragem obrigatória na Ponte da Vista Alegre, passagem para os
operários da Vista Alegre, faziam parte dos quotidianos e travessias de outros
tempos e ajudam-nos a perceber hoje a morfologia deste território.
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Maria João Fradinho, arquitecta ilhavense, depois de viver fora e noutros lugares de Portugal, regressou a Ílhavo em 2011 para criar o seu próprio estúdio de arquitectura Frari - Architecture Network. A Talkie-Walkie convidou-a para especialista desta visita Olhar por Dentro pela vontade de mapear formas de trabalhar no próprio território à luz de aprendizagens em contextos diferentes.
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“Diz-me a importância que atribuis à bicicleta e dir-te-ei que cidade és!” Assim responderam os convidados
desta visita quando a Talkie-Walkie propôs uma visita em bicicleta ao Laboratório de Planeamento e Políticas Públicas
(L3P), representado por Catarina Isidoro, Frederico Sá e
José Carlos Mota.
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Que a pesca seja, desde
sempre, uma narrativa constante na história ilhavense já todos sabemos. Mas desta vez a Talkie-Walkie quis
contar, através do saber da arquiteta Nide Santos, como essa actividade
construiu e caracterizou este território
a partir dos palheiros da Costa Nova.
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A
conjugação entre a técnica do desenho e observação enquanto arquitecto e o seu
gosto pelos temas marítimos da cultura portuguesa, faziam de Octávio Lixa
Filgueiras um investigador das embarcações tradicionais, assim o define a
professora Teresa Soeiro.
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A Salicórnia havia chegado aos sentidos da Talkie-Walkie há já muito tempo. Sabendo-a uma espécie autóctone das marinhas de sal, esta visita levou-nos até à Horta da Ria, na Ilha dos Puxadoiros, seguindo as
orientações de Júlio Coelho, professor de educação física muito curioso sobre a biodiversidade da Ria de
Aveiro e que se dedica à investigação e produção de Salicórnia desde 2013.
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O arquiteto João Paulo Cardielos levou-nos, de
bicicleta, à descoberta da expansão da cidade com base em três das suas
etapas‑chave. Trilhou-se um percurso‑narrativa sobre vivências, traçados
históricos e modos de fazer, sobre indústria e atividades económicas mas, acima
de tudo, sobre as inúmeras camadas do território que são consequência das
opções diacrónicas do seu desenvolvimento.
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Mallu Magalhães tem a particularidade de ser a dona descomprometida de uma leveza e ternura profundamente autênticas. Isso reflete-se na sua música, que tem tanto de doce como de manifesto e que é tão dançável como contemplativa.
A selva urbana do Planteia continua a crescer e, quem melhor do que Sofia Manuel, mais conhecida como A Tripeirinha, para não só desconstruir como tornar ainda mais bonito e fascinante o já curioso mundo das plantas.
Uma oficina de construção de marionetas a partir de objectos.
A forma como a natureza, e neste caso os jardins e as suas espécies e possibilidades evoluem, está intimamente sincronizada com as estações do ano.
Nos dias que antecedem o dia da construção, juntam-se pessoas de todas as idades em oficinas de preparação de elementos específicos.
Recycled é a versão em movimento de CRASSH, que levam ao público toda a sua energia e a interação característica dos seus espetáculos.
O prodígio brasileiro Yamandu Costa, que já passou a solo pelo Festim, convida agora, a juntar-se ao seu violão de 7 cordas, o bandoneon de Martín Sued e a guitarra portuguesa de José Manuel Neto, para uma cimeira musical em palco.
Os palcos do Festim vão ser tomados pela majestosa celebração destes ciganos do Rajastão, herdeiros de uma cultura milenar ligada às raízes musicais do deserto indiano.
Durante a manhã de domingo, crianças e adultos são convidados a espreitar e descobrir o jardim do Planteia.
Berlin Im Licht! é o álbum de estreia a solo do barítono Ricardo Panela, que nele se junta ao pianista Nuno Vieira de Almeida, editado pela Artway Records.
234 397 260
Para assuntos relacionados com bilheteira contactar os números 234 397 263