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AS CASAS DA EN109 com Álvaro Domingues

Há uma paisagem em Portugal que, não parecendo à primeira vista, é constante e típicamente nacional, manifestando-se em formas diferentes ao longo das várias geografias do país. É a paisagem de estrada, mais notória ao longo das nacionais, onde uma fachada contínua de edifícios, tendencialmente habitacionais mas também dedicados a outros usos, assume um carácter especial, como palco da vida quotidiana de quem lá habita e enquanto espécie de mostruário para quem lá passa. Esta relação entre a estrada e o construído que lhe faz a sua frente tem manifestações muito próprias e ninguém mais que Álvaro Domingues se debruçou sobre este tema, a que chama a “rua da estrada”. Foi por isso nosso convidado para, em Ílhavo, nos debruçarmos sobre esta rua que se faz das relações que se estabelecem sobre ela e que desfazem os limites entre conceitos, aparentemente estanques, de urbano e rural.



© Karen Lacroix

Álvaro Domingues (Melgaço, 1959) é geógrafo, doutorado em Geografia Humana pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 1994. Desde 1999 é docente do mestrado integrado e do curso de doutoramento. É também membro do Conselho Científico. Como investigador do Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo da FAUP, tem desenvolvido uma actividade regular de investigação e publicação no âmbito de projectos com a Fundação Calouste Gulbenkian, com a Fundação Ciência e Tecnologia, com a CCDR-N, CCDR-C, com a Xunta da Galiza, com a Escola Técnica Superior de Arquitectura da Coruña, com a Erasmus Iniversity of Rotterdam-EURICUR, com o Club Ville Aménagement – Paris; com o CCCB, Barcelona, com a Universidade Tècnica de Barcelona-Arquitectura, com a Universidade de Granada – Planeamento e Urbanismo, com as Universidade Federal de S. Paulo e do Rio de Janeiro-Brasil, com as Universidades do Minho e Coimbra, com os municípios de Guimarães e Porto, com a Ordem dos Arquitectos, com a Fundação de Serralves e a Fundação da Juventude, entre outros. No CEAU-FAUP a sua actividade centra-se na Geografia Humana, Paisagem, Urbanismo e Políticas Urbanas, quer em termos de investigação, quer em termos de assessoria externa e formação. Para além das suas funções docentes na Universidade do Porto e noutras universidades publica com regularidade sobre temáticas relacionadas com a geografia urbana, o urbanismo e a paisagem.

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Este texto foi escrito depois de uma conversa informal entre a Talkie-Walkie e o convidado Álvaro Domingues, na cafeteria da faculdade, enquanto se vasculhava o álbum de fotografias da visita Olhar por Dentro.


Começamos com uma certeza de que a rua da estrada não se faz a pé. Exige uma certa respiração. A pé ficamos demasiado perto das coisas e perde-se a percepção que nos traz o movimento do automóvel de cenários a passar. Álvaro Domingues estabelece-nos a relação desta vista em movimento com o cinema, uma série de imagens que nos são apresentadas sem grande tempo para nos fixarmos nos seus pormenores. Fica apenas uma imagem geral, da qual retiramos o exuberante ou excepcional, e ao longo do nosso percurso de autocarro, estilo excursão, assim foi.

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© Karen Lacroix

Percorrendo a Estrada Nacional 109, o nosso alvo, intensifica-se, pelas palavras do nosso guia mas também pelas nossas próprias observações, o entendimento mais concreto deste fenómeno. A estrada desdobra-se em múltiplas facções. Percebemos a escala, a continuidade, a passagem subtil de territórios mais construídos para outros menos densos, que se deixam adivinhar mais pelo entorno do que pela frente de estrada, e percebemos também como esta fachada, aparentemente contínua, é afinal repleta de particularidades.


Há inevitavelmente, por avistarmos essencialmente casas, uma certa linearidade das construções, mas cada uma apresenta também as suas características singulares. Álvaro Domingues fala-nos aqui destas frentes como dispositivos de sociabilidade onde cada fachada espelha um sentido seu, não necessariamente erudito, mas que reflecte quem lá vive e a postura que assume.



Entenda-se, nada disto é literal. Uma casa simples, em aparência, não quer dizer necessariamente que o seu proprietário ou residente também simples seja. Mas pequenos pormenores ou atitudes que se queiram decifrar podem realmente dar pistas ao transeunte sobre a condição de viver com uma casa exposta à rua e de que maneira os habitantes são mais ou menos transparentes nessa mostra.

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© Gabriele Cavazzano

Para desmistificarmos estas relações fizemos duas paragens onde de fora para dentro tentámos primeiro adivinhar um modo de vida e depois, lá dentro, compará-lo com as nossas expectativas.

Na primeira casa que visitámos, a[1] Vila Papoila Magano,a fachada é de tal forma expressiva, na senda da tradição da Arte Nova típica da região, que seria quase impossível não reparar nela. Mas a fachada é anterior a quem lá habita e por isso guiamo-nos por outras pistas para tentar perceber esta casa. O jardim é afinal também cheio, e dialogam livremente cães e objectos e cores e corrimãos. Uma panóplia de coisas.



Gabriele Cavazzano

Esta postura livre e de sobreposição passa para o interior, que agora descobrimos, e neles encontramos uma forma de habitar descomplexada, de quem precisa de ter as coisas à mão e por isso pouco se preocupa com uma ordem arranjadinha mas sim com uma ordem prática. E esta lógica segue-nos em todos os aspectos da casa onde se misturam objectos de várias temáticas, uns mais pessoais, outros puramente ornamentais, e hierarquias de uma casa muito vivida, onde também os cães têm direito ao seu sofá.

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© Gabriele Cavazzano

A casa seguinte é mais sóbria. Mas denuncia também tiques de originalidade. Pertencente, tal como a Villa Papoila, a outro tempo, que se adivinha desde os trabalhos de madeira do beiral ao alpendre sobre a rua, é talvez uma casa mais misteriosa, especialmente pela grande janela que se abre à rua no piso das águas, a maior de toda a casa, e que nos faz imediatamente inquirir que espaço será aquele.



É um barco. O dono desta casa andou na pesca do bacalhau e as memórias de marinheiro em terra levaram-no a construir, no sótão, um espaço que o lembrasse da vida no mar. Para além de ser todo revestido a madeira, como a quilha de um navio, está repleto de memorabilia marítima. Aliás, toda a casa conta, como um repositório de memórias organizadas, a história de quem lá vive.

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© Karen Lacroix

Depois de satisfeita a curiosidade por estas casas da estrada foi-nos revelada ainda uma outra dimensão. A de frente e verso. Se pela rua temos a continuidade construída por detrás temos muitas vezes um território vazio, ainda sujeito à ocupação, que é em Portugal, como se viu, dispersa. Então, seguindo pela EN 109 até às margens do Rio Boco, como se de outra fachada da estrada se tratasse, encontrámos um território natural, já em comunicação com a Ria e com as suas lógicas entre terra e sal.

Esta visita mostrou-nos a estrada como um repositório de lugares surpreendentes, ao mesmo tempo que banais. Afinal basta ir à deriva e deixar que qualquer coisa nos chame à atenção.

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© Gabirele Cavazzano

Deixamos aqui alguns excertos da gravação feita a partir da conversa informal entre a Talkie-Walkie e o convidado desta visita, Álvaro Domingues.

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e porque o conhecimento ocupa (bom) lugar...



Geografia

No final da visita o nosso guia deparou-se com uma pergunta “difícil”. Aparentemente toda a complexidade de conceitos e visões sobre a estrada havia ficado clara. Mas restava uma dúvida: o que é afinal geografia? Foi a questão de uma visitante de 9 anos.

Geografia é a descrição do Planeta Terra. Como há muita coisa para descrever há também muitas categorias: Física, que trata do aspecto e climas de cada sítio; Botânica, sobre a distribuição de vegetação; Económica e Política que incidem sobre sociedade, ou até Urbana,que se concentra no espaço construído e nos impactos que tem.

Expressões da Rua da Estrada

Muitos foram os conceitos que Álvaro Domingues introduziu ao longo desta visita. Destacamos a Casa Quitada – uma casa de origem tradicional que mantém a sua estrutura original mas à qual foram sucessivamente feitos acrescentos; ou o fascinio por rotundas que funcionam como museus/monumentos – no caso de Ilhavo e das Gafanhas encontramos em várias referências à arte chavega, moliceiros e outras embarcações, e até réplicas de cais de atracagem.

Vilas Arte Nova

A Vila Papoila Magano, uma de duas casas irmãs, e a Vila Africana, também ao longo da EN109 e por onde passámos de autocarro, são bons exemplos do espírito Arte Nova que proliferou em Ílhavo. Fomos com o Historiador Filipe Serra Carlos descobrir estas casas numa outra Visita do Olhar por Dentro.

Ria de Aveiro

O final da visita foi na Ria e por isso esta nota de curiosidade é fruto das narrativas que Álvaro Domingues, enquanto geográfo, expôs sobre ela.

A ria é uma equação instável entre o mar e as suas correntes e o encontro com os desenhos da água doce e tem, por isso, uma história turbulenta no que toca a território.

Essas histórias têm consequências tão directas que se manifestam na toponimia. O mar furou a costa e por isso existe o Furadouro; os cordões de areia que não existiam e passam a existir dão origem a uma Costa Nova; os Vagos e Vagueiras são terrenos vagos porque são instáveis.

Para muitos é um terreno aparentemente descodificado mas que afinal é um território que pelas suas caracteristicas especiais cria novas e típicas dinâmicas.

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