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AS CASAS DA EN109 com Álvaro Domingues
No final de 2016, apresentava-se à cidade a nova entidade
cultural de Ílhavo, o 23 Milhas. Mas dar a conhecer este projeto de cultura é
também conhecer as suas “entranhas”, desde as suas pessoas aos seus
equipamentos (logo quatro!).
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São poucos os municípios que contam com quatro espaços dedicados
à cultura, sobretudo com uma programação una, enriquecida com produção
artística local, integrando e cruzando nomes nacionais e internacionais.
E não por acaso o 23 Milhas não construiu de novo. Ao invés
foi atribuir novos propósitos a edifícios que já faziam a cidade, mas que a
habitaram sem espírito por tempos diferentes.
Espraiando-se por edifícios
tão singulares
quanto distantes, o projeto 23 Milhas “veste” estes espaços para estar à mão de
todos. É que, para além de serem pré-existências arquitetonicamente distintas,
estes edifícios situam-se em contextos diferentes do mesmo município.
Geografias distintas que contribuem também para a caracterização da cultura 23
Milhas. Mas a troca é mútua.
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O Centro Cultural (no centro) passou a Casa da Cultura, uma casa
que é, em si, cultura e não só para a cultura; o Centro Sócio-Cultural da Costa
Nova mudou para Cais Criativo, um lugar que se abre à criação
e produção, que recebe e exporta, como um porto à beira-mar; no antigo Centro
Cultural da Gafanha da Nazaré, instalou-se a Fábrica das Ideias que ficou à
disposição das artes performativas e visuais; e, o antigo Teatro da Vista
Alegre, deu lugar ao Laboratório das Artes por ser
necessária, em qualquer indústria, a experimentação, a investigação e
a formação.
O que simulámos nesta vista foram os caminhos de quem habita
(sempre ou temporariamente) estes espaços - artista, técnico de palco, encenador… Desde os
ensaios até ao dia do
espectáculo.
O ponto de partida foi a Casa da Cultura.
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Com autoria do arquitecto Ilídio
Ramos, pode pensar-se este como um edifício dentro de um
edifício, o corpo em betão do auditório assume uma forma mais livre,
independente do edifício “caixa” de vidro que ocupa o centro da cidade. Conhecemos
os camarins, o sub-palco e saímos pelo palco, subindo o auditório até sair pela
escadaria circular de ferro que intersecta o amplo foyer.
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Logo depois fomos para a Vista Alegre onde, no seu Teatro,
ficámos a conhecer o Laboratório das Artes, visitando os estúdios de gravação,
as salas polivalentes e a sala de espectáculos.
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Embebido nas funções de uma fábrica
assente em princípios iluministas (no que respeito
diz à formação dos seus operários, que deveriam aprender a saber
escrever, conhecer um instrumento, integrar um clube, fazer parte de um
coletivo…) este antigo Teatro -obra de 1826, pelos arquitetos António Marins de Almeida e Luís Benavente- serviu também para gerar comunidade por entre os
novos habitantes daquele bairro que não partilhavam um passado comum. (ver
artigo Olhar por Dentro a Vista Alegre)
Os arquiteto Mário Costa (da Câmara
Municipal de Ílhavo) repete, neste projeto de reconversão em 2015, o arquétipo de casa, num volume independente ao antigo teatro, construindo-o com painéis de aglomerado de madeira. Reinterpretando o chão do
Teatro com restos de cerâmica,o arquiteto relaciona
o existente e o novo. Não fosse a obra de reabilitação feita em 2015, não
se haveria descoberto o painel de um fresco onde se representa o Rio Boco, a
cabana e a paisagem ilhavense.
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Quando chegámos à Gafanha, logo compreendemos como era importante
olhar para dentro e para fora. A Fábrica das Ideias foi pensada para produzir e
cruzar projetos, artistas e comunidade.
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O edifício, originalmente dos anos
1992-95, foi repensado para oferecer as condições necessárias à criação, seja de pessoas locais, seja de “estrangeiros”.
E a sua remodelação assumiu dois pontos: o interior deveria ser provido das
condições para receber variados actos artísticos; o exterior deveria ser
pensado como espaço público e gerar oportunidades. Na memória descritiva do projeto de requalificação (2017), o
Arquitecto José Paradela escreve “Com a
complementaridade destes dois actos, pensamos que aquele espaço da vila poderá polarizar
outras ações nas envolventes, de modo a transformá-lo realmente numa área de
centralidade efetiva”.
Visitámos, assim, os espaços
dedicados para residências artísticas: quartos, salas de ensaio e multiusos,
auditórios, galerias e oficinas (madeira, pintura, têxtil e metais). Mas também dedicámos tempo ao seu
contexto, olhámos para fora, para uma praça em mudança que queria ser palco de
todos os habitantes.
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Já na Costa Nova, ficámos a conhecer o Centro Sócio-Cultural que
se transformou em Cais Criativo pelas mãos do escritório de arquitetura ARX
Portugal.
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Esta é uma construção em madeira
que estudou atentamente as construções dos palheiros e desafiou a engenharia
com soluções estruturais complexas, um edifício atracado na duna que se
observou de longe chamando atenção para o seu lado antropomórfico, de animal marítimo.Este edifício
pode ser dominado de tantas maneiras que logo se imaginam as suas capacidades
performativas.
O grande destaque desta visita foi
a sua sala, com o cenário natural da linha de duna. (ver artigo Olhar por
Dentro Os edifícios dos ARX Portugal)
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A reprogramação das funções destes quatro edifícios deu também
lugar a novas possibilidades de fazer urbanidade: a Casa da Cultura cria uma
nova praça no centro histórico; o Laboratório das Artes (re)insere outras
dinâmicas sociais num lugar industrialmente sedimentado; a Fábrica das Ideias
repensou o espaço público daquele contexto urbano muito caracterizado por
perfis agrícolas; e o Cais Criativo devolve a cultura à dunar e sazonal Costa
Nova. Assim sai para a rua o 23 Milhas.
O caminho faz-se caminhando (“Al andar se hace el camino (…)”, António Machado), e o nosso,
começou aqui, nos pontos culturais de Ílhavo e ficámos a conhecer por dentro os
ambientes da criação e da produção do 23 Milhas.
Este foi o pretexto certo para explicar a complexidade da
disciplina de arquitectura: falámos do momento inicial em que o projetista é
confrontado com os contextos geográfico, social, político, histórico e, até,
legal, incutindo no projeto de arquitetura inúmeras condicionantes; e também
abordámos como o próprio projeto gera circunstâncias determinantes para as
vivências daqueles que habitam os edifícios.
e porque o conhecimento ocupa (bom) lugar...
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Geografia
No final da visita
o nosso guia deparou-se com uma pergunta “difícil”. Aparentemente toda a
complexidade de conceitos e visões sobre a estrada havia ficado clara. Mas
restava uma dúvida: o que é afinal geografia? Foi a questão de uma visitante de
9 anos.
Geografia é a
descrição do Planeta Terra. Como há muita coisa para descrever há também muitas
categorias: Física, que trata do aspecto e climas de cada sítio; Botânica,
sobre a distribuição de vegetação; Económica e Política que incidem sobre
sociedade, ou até Urbana,que se concentra no espaço construído e nos impactos
que tem.
Expressões da Rua da Estrada
Muitos foram os
conceitos que Álvaro Domingues introduziu ao longo desta visita. Destacamos a
Casa Quitada – uma casa de origem tradicional que mantém a sua estrutura
original mas à qual foram sucessivamente feitos acrescentos; ou o fascinio por
rotundas que funcionam como museus/monumentos – no caso de Ilhavo e das
Gafanhas encontramos em várias referências à arte chavega, moliceiros e outras
embarcações, e até réplicas de cais de atracagem.
Vilas Arte Nova
A Vila Papoila
Magano, uma de duas casas irmãs, e a Vila Africana, também ao longo da EN109 e
por onde passámos de autocarro, são bons exemplos do espírito Arte Nova que
proliferou em Ílhavo. Fomos com o Historiador Filipe Serra Carlos descobrir
estas casas numa outra Visita do Olhar por Dentro.
Ria de Aveiro
O final da visita
foi na Ria e por isso esta nota de curiosidade é fruto das narrativas que
Álvaro Domingues, enquanto geográfo, expôs sobre ela.
A ria é uma
equação instável entre o mar e as suas correntes e o encontro com os desenhos
da água doce e tem, por isso, uma história turbulenta no que toca a território.
Essas histórias
têm consequências tão directas que se manifestam na toponimia. O mar furou a
costa e por isso existe o Furadouro; os cordões de areia que não existiam e
passam a existir dão origem a uma Costa Nova; os Vagos e Vagueiras são terrenos
vagos porque são instáveis.
Para muitos é um terreno
aparentemente descodificado mas que afinal é um território que pelas suas
caracteristicas especiais cria novas e típicas dinâmicas.
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Há uma paisagem em Portugal que, não
parecendo à primeira vista, é constante e típicamente nacional, manifestando-se
em formas diferentes ao longo das várias geografias do país.
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No final de 2016, apresentava-se à cidade a nova entidade
cultural de Ílhavo, o 23 Milhas. Mas dar a conhecer este projeto de cultura é
também conhecer as suas “entranhas”, desde as suas pessoas aos seus
equipamentos (logo quatro!).
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Filipe Serra Carlos é, para além de historiador de arte, um enorme curioso por tudo
o que o rodeia em qualquer viagem que faça. Foi ao participar numa das nossas visitas
Olhar Por Dentro que surgiu o convite da Talkie-Walkie para o ter como especialista
numa visita sobre a Arte Nova.
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É
fácil encontrar detalhes do modernismo nas ruas do município de Ílhavo, do
centro à Costa Nova, em direção às Quintãs ou no Vale de Ílhavo. Mas há obras
que se destacam pela originalidade do seu desenho, não se assemelhando a nada
mas reportando para o seu contexto.
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Nem
só de edifícios se fala quando nos referimos a arquitetura. As “casas do mar” também resultam de um trabalho de construção pensado,
medido e preciso, cheio de particularidades técnicas e até estéticas.
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Em Ílhavo,
surgiram, nas duas últimas décadas equipamentos públicos que referenciam
culturalmente a cidade, não só pela sua programação mas também pela
singularidade arquitectónica, que espelha a (bio)diversidade histórica local.
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Como já dizia o barqueiro Manuel
da Graça, conhecido como Ti Ameixa, “O trabalho das
travessias é coisa a sério” e, nesta visita, Etelvina levou-nos a perceber porquê.
A barca da “passage”, o Cais da Bruxa, o Bairro dos Pescadores e Cais da
Malhada, ou a paragem obrigatória na Ponte da Vista Alegre, passagem para os
operários da Vista Alegre, faziam parte dos quotidianos e travessias de outros
tempos e ajudam-nos a perceber hoje a morfologia deste território.
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Maria João Fradinho, arquitecta ilhavense, depois de viver fora e noutros lugares de Portugal, regressou a Ílhavo em 2011 para criar o seu próprio estúdio de arquitectura Frari - Architecture Network. A Talkie-Walkie convidou-a para especialista desta visita Olhar por Dentro pela vontade de mapear formas de trabalhar no próprio território à luz de aprendizagens em contextos diferentes.
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“Diz-me a importância que atribuis à bicicleta e dir-te-ei que cidade és!” Assim responderam os convidados
desta visita quando a Talkie-Walkie propôs uma visita em bicicleta ao Laboratório de Planeamento e Políticas Públicas
(L3P), representado por Catarina Isidoro, Frederico Sá e
José Carlos Mota.
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Que a pesca seja, desde
sempre, uma narrativa constante na história ilhavense já todos sabemos. Mas desta vez a Talkie-Walkie quis
contar, através do saber da arquiteta Nide Santos, como essa actividade
construiu e caracterizou este território
a partir dos palheiros da Costa Nova.
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A
conjugação entre a técnica do desenho e observação enquanto arquitecto e o seu
gosto pelos temas marítimos da cultura portuguesa, faziam de Octávio Lixa
Filgueiras um investigador das embarcações tradicionais, assim o define a
professora Teresa Soeiro.
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A Salicórnia havia chegado aos sentidos da Talkie-Walkie há já muito tempo. Sabendo-a uma espécie autóctone das marinhas de sal, esta visita levou-nos até à Horta da Ria, na Ilha dos Puxadoiros, seguindo as
orientações de Júlio Coelho, professor de educação física muito curioso sobre a biodiversidade da Ria de
Aveiro e que se dedica à investigação e produção de Salicórnia desde 2013.
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O arquiteto João Paulo Cardielos levou-nos, de
bicicleta, à descoberta da expansão da cidade com base em três das suas
etapas‑chave. Trilhou-se um percurso‑narrativa sobre vivências, traçados
históricos e modos de fazer, sobre indústria e atividades económicas mas, acima
de tudo, sobre as inúmeras camadas do território que são consequência das
opções diacrónicas do seu desenvolvimento.
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DESCRIÇAO - Robertos e MarionetasUr, ipidit essit lant asseque nes ex et od que quiscipicae none dolorio tet disto occus doles dolestibus dita eosanda et pre sant…
A reabertura da galeria de exposições da Casa da Cultura de Ílhavo fica marcada pelo acolhimento da “Braços”, um desafio do 23 Milhas à associação AGIL para a curadoria de uma exposição sobre trabalho em comunidade, espaço público, criação em rede e o exercício democrático associado à participação cívica.
himalion, a mais recente entidade artística de Diogo Sarabando dedicada às explorações pelo indie-folk, apresenta, em formato de sexteto, um conjunto de canções do novo LP intitulado BLOOMING (2021) e o EP de estreia EGRESS (2020).
“Private Reasons” assinala o regresso de Bruno Pernadas às edições depois de “How Can We Be Joyful in a World Full of Knowledge” (2014) e “Those Who Throw Objects at The Crocodiles Will Be Asked to Retrieve Them” (2016).
Salvador Sobral apresenta “bpm”, o seu mais recente álbum de estúdio, a primeira vez que Salvador Sobral se aventura na edição de um disco composto inteiramente por originais de sua autoria, em parceria com Leo Aldrey
A nova criação de Jonas & Lander, BATE FADO, é um espetáculo híbrido entre a dança e o concerto de música, projetado para nove performers: quatro bailarinos, quatro músicos e um fadista (bailarino).
Os Lan Trio são Mário Laginha (pianista), Julian Arguelles (saxofonista) e Helge Norbakken (percussionista) que apresentam, ao vivo, o Álbum Atlântico, o segundo disco do super-trio europeu de jazz.
Aos 92 anos, Eunice Muñoz sente-se preparada para abandonar os palcos. Mais que uma despedida, o espetáculo A Margem do Tempo tenciona ser um passar de testemunho à sua neta Lídia Muñoz e às gerações vindouras.
Douglas Dare regressou aos discos em 2020 com o álbum “Milkteeth”, editado pela Erased Tapes. Neste registo, que é, entre muitas coisas, a materialização do conforto de Douglas Dare quanto à sua identidade.
A ideia é a de um jardim que explode no betão, mas a verdade é que será também um palco, uma plateia, um lugar de encontro e um espaço de jogo.
234 397 260
Para assuntos relacionados com bilheteira contactar os números 234 397 263