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OS
EDIFÍCIOS DE ARX PORTUGAL com a arquiteta Joanna Helm e o arquiteto Nuno Mateus
Em Ílhavo,
surgiram, nas duas últimas décadas equipamentos públicos que referenciam
culturalmente a cidade, não só pela sua programação mas também pela
singularidade arquitectónica, que espelha a (bio)diversidade histórica local.
Porque se fazem notar em número, a Talkie-Walkie desenhou um percurso para
Olhar Por Dentro os edifícios projetados por ARX Portugal e viu-se a
necessidade de regressar. Mas também porque visitar um mesmo edifício
fazendo-se acompanhar por perspectivas diferentes resulta, naturalmente, em
experiências distintas e complementares. E, assim orientaram-nos o arquiteto e
autor Nuno Mateus e no, ano seguinte, a arquiteta Joanna Helm.
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Joanna Helm
Nuno Mateus
Nasceu em Castelo Branco, 1961 e fez o Doutoramento
em Arquitetura, FAUTL, Lisboa, 2013, mas antes o Mestrado na Universidade de
Columbia em Nova Iorque, em 1987 (“Master of Science in Architecture and Building
Design”). Trabalhou com
Peter Eisenman em Nova Iorque (1987-1991) e com Daniel Libeskind em Berlim
(1991). E, com José Mateus fundou, em 1991, o atelier ARX Portugal Arquitetos,
1991.
Descarregar mapa do percurso
Nuno e José Mateus,
sócios do atelier de arquitetura ARX Portugal, criaram uma morfologia muito própria no
panorama nacional de como ver e fazer arquitetura. Mantêm como princípio a
produção arquitetónica que não se fixa em nenhuma linguagem ou premissa, mas
que, ao invés, encontra para cada projeto novos parâmetros que respondem às
especificidades do contexto permitindo-se inovar sempre.
“Mais do que procurarmos os pontos comuns entre cada novo projecto e o
anterior, interessa-nos encontrar as diferenças. É como se voltássemos sempre
ao zero. E, a um certo nível, é essa ideia de inovação que nos interessa.”
José e Nuno Mateus fundadores dos ARX Portugal
Em Ílhavo, os arquitetos tiveram a oportunidade de trabalhar em três
edifícios públicos: o Museu Marítimo, a Biblioteca Municipal e o, anteriormente
denominado, Centro Sócio-Cultural da Costa Nova. “É de facto um privilégio
trabalhar em projetos deste âmbito, que oferecem espaços de cultura aos cidadãos,
embora sejam processos que assentam numa relação de grande distância com quem
habitará estes edifícios”, o que gera, confessa o arquiteto José Mateus, um
certo sentimento ambíguo aquando da sua criação.
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O primeiro espaço que visitámos foi o Museu Marítimo de Ílhavo, que
nasceu já em 1937 e que foi alvo de uma remodelação e ampliação no início dos
anos 2000 e, em 2007, de uma outra extensão que viria a integrar um aquário
para bacalhaus. “O edifício está
localizado na orla da povoação, num lote irregular que confina com moradias de
dois pisos, isoladas ou geminadas”, assim se lê na memória descritiva da primeira intervenção, que expandiu o museu para o
dobro da sua área.
Os arquitetos ARX responsáveis por esta transformação do Museu, à escala
da vila de Ílhavo, a edifício de enorme reconhecimento a nível internacional,
reconheceram bem o significado da história que aquele lugar iria acolher (em
exposições e arquivo). Por isso atribuíram a cada elemento um significado, uma
intenção.
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A ponte, por exemplo, desenha o espaço público gerando um pórtico ao
CIEMar - Centro de Investigação e Empreendedorismo do
Mar, dignificando esse edifício (antiga escola) e, simultaneamente, abre um
nove circuito para o Museu, ligando-o ao Aquário dos Bacalhaus, que gera um
momento de paragem para melhor conhecer o ciclo de vida desta espécie. Este
espaço desenha-se para se voltar uma e outra vez ao Museu, como uma ode à água
e vida marítima na construção social de Ílhavo.
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Enquanto objeto arquitetónico, um edifício pode tornar emblemático o
lugar e no caso do Museu Marítimo de Ílhavo, a importância de ser um ícone no
contexto da construção portuguesa, consegue um outro tipo de projeção, lado a
lado com a sua importante museologia.
Enquanto metodologia de trabalho destes arquitectos, com uma prática
que não desiste da modelagem de maquetes (sobretudo num momento em que as
tecnologias ultrapassam as técnicas da manualidade), o processo de investigação
é constante. Desde os testes com modelos embrionários, para estudar a vibração
de uma massa que ainda não é volume definido, à construção de sucessivas
maquetes para delas extraírem uma síntese da ideia formal e, por fim, as de carácter
mais construtivo, aproximando-se do real.
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Seguimos para a Biblioteca.
Aqui o respeito pela pré-existência do Solar Visconde de
Almeida, edifício nobre datado dos séculos XVII/XVIII e posteriormente alterado
e demolido, é evidade. Do edifício original subsistia apenas a fachada
principal (sudeste) e a Capela, ambas em ruína. Os arquitetos tinham como objetivo consolidar esta zona urbana,
ainda muito fragmentada. E, na tentativa de “integrar um programa público que
pudesse agarrar o contexto histórico com a expansão que via acontecer”, diz o
arquiteto, que era pressuposto integrarem os programas de Biblioteca, Fundação
da Juventude e Capela (a regressar, finalmente, aos cultos). Pelo que a área de
ocupação veio a expandir-se para um edifício com uma linguagem contemporânea,
que co-habita com o modelo clássico do antigo Solar.
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Abrindo-se para Sul, o edifício desenha-se em dois pisos e,
congregando programas com dinâmicas muito distintas entre si, oferece assim uma
fruição do espaço marcada por pés direitos diferentes que ligam os espaços. No
piso térreo, ficam as funções que mais se compartimentam, abrindo-se para a
grande várzea agrícola à sua frente. No piso superior, a sala de leitura que
recebe já uma luz filtrada por se afastar da grande janela mas que permite uma
relação visual com a Ria. Como espaço para permanecer, onde o conhecimento, a descoberta
e o lazer reinam, era premente que o edifício fosse confortável. E não
decepciona nada!
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Já num outro contexto, onde a areia se espraia e ondula dando lugar a
momentos de deslumbre do mar, assenta o Cais Criativo ou, originalmente, o
Centro Sócio-Cultural da Costa Nova. Ora, numa compreensão da lógica
construtiva dos palheiros os arquitetos ARX acrescentaram à paisagem um
miradouro que em si incorpora uma programação diversificada, oferecendo
momentos de enorme contemplação do interior para o exterior, como é o caso da
grande sala de ensaios e espetáculos.
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Para além da relação deste edifício com a sua localização dunar, que
parece querer avançar mar adentro, a sua estrutura ritmada que se eleva
delicadamente em madeira reporta-nos para os cais do sul de Inglaterra.
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Frederic Levrat escreveu “a arquitetura deve responder ao seu contexto
e exprimir as preocupações dos seus tempos” (in ARX Portugal – uma segunda
natureza. Lisboa, Blau, 1991). E o périplo por estes três edifícios, que
marcam a paisagem de Ílhavo de forma tão distinta quanto os seus programas,
conseguiu contar-nos como a arquitetura dos ARX Portugal se faz da justaposição,
de autenticidade e com consciência. ARX Portugal produz uma arquitetura de
investigação e de constante experimentação, questionando e arriscando nas
respostas a partir de gestos que, longe de serem automáticos, se guiam pelos
princípios e preocupações permanentes do lugar.
e porque o conhecimento ocupa (bom) lugar...
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Os arquitetos (e irmãos) José e Nuno Mateus são de Castelo Branco e
fundaram o atelier em 1991.
No site do atelier (arx.pt) poderá encontrar textos escritos que enquadram,
igualmente, as obras desta dupla de arquitetos. Sobre as obras aqui
apresentadas, detacam-se por Catherine Slessor o artigo “Mar e Céu” sobre o
Museu Marítimo (https://arx.pt/publicacao/mar-e-ceu/), Ricardo Carvalho escreve sobre a Biblioteca “Da
Biblioteca para a Cidade” (https://arx.pt/publicacao/da-biblioteca-para-a-cidade/) e de Jorge Figueira, também sobre o Museu, “Uma
arquitectura intacta” (https://arx.pt/publicacao/uma-arquitectura-intacta/). Neste último artigo poderá compreender as
influências das experiência que o arquiteto Nuno Mateus experimentou enquanto
trabalhou no estrangeiro, no início da sua carreira.
A maquete é, de um modo geral, uma ferramenta
importantíssima para a comunicação do projeto, porque é o único objeto capaz de
gerar, realmente, espaço, simulando as relações entre salas de um mesmo edifício,
auxiliando na compreensão dos percursos possíveis e, enquanto processo de
trabalho, ajuda até a detectar erros…
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DESCRIÇAO - Robertos e MarionetasUr, ipidit essit lant asseque nes ex et od que quiscipicae none dolorio tet disto occus doles dolestibus dita eosanda et pre sant…
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Filipe Serra Carlos é, para além de historiador de arte, um enorme curioso por tudo
o que o rodeia em qualquer viagem que faça. Foi ao participar numa das nossas visitas
Olhar Por Dentro que surgiu o convite da Talkie-Walkie para o ter como especialista
numa visita sobre a Arte Nova.
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É
fácil encontrar detalhes do modernismo nas ruas do município de Ílhavo, do
centro à Costa Nova, em direção às Quintãs ou no Vale de Ílhavo. Mas há obras
que se destacam pela originalidade do seu desenho, não se assemelhando a nada
mas reportando para o seu contexto.
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Nem
só de edifícios se fala quando nos referimos a arquitetura. As “casas do mar” também resultam de um trabalho de construção pensado,
medido e preciso, cheio de particularidades técnicas e até estéticas.
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Como já dizia o barqueiro Manuel
da Graça, conhecido como Ti Ameixa, “O trabalho das
travessias é coisa a sério” e, nesta visita, Etelvina levou-nos a perceber porquê.
A barca da “passage”, o Cais da Bruxa, o Bairro dos Pescadores e Cais da
Malhada, ou a paragem obrigatória na Ponte da Vista Alegre, passagem para os
operários da Vista Alegre, faziam parte dos quotidianos e travessias de outros
tempos e ajudam-nos a perceber hoje a morfologia deste território.
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Maria João Fradinho, arquitecta ilhavense, depois de viver fora e noutros lugares de Portugal, regressou a Ílhavo em 2011 para criar o seu próprio estúdio de arquitectura Frari - Architecture Network. A Talkie-Walkie convidou-a para especialista desta visita Olhar por Dentro pela vontade de mapear formas de trabalhar no próprio território à luz de aprendizagens em contextos diferentes.
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“Diz-me a importância que atribuis à bicicleta e dir-te-ei que cidade és!” Assim responderam os convidados
desta visita quando a Talkie-Walkie propôs uma visita em bicicleta ao Laboratório de Planeamento e Políticas Públicas
(L3P), representado por Catarina Isidoro, Frederico Sá e
José Carlos Mota.
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Que a pesca seja, desde
sempre, uma narrativa constante na história ilhavense já todos sabemos. Mas desta vez a Talkie-Walkie quis
contar, através do saber da arquiteta Nide Santos, como essa actividade
construiu e caracterizou este território
a partir dos palheiros da Costa Nova.
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A
conjugação entre a técnica do desenho e observação enquanto arquitecto e o seu
gosto pelos temas marítimos da cultura portuguesa, faziam de Octávio Lixa
Filgueiras um investigador das embarcações tradicionais, assim o define a
professora Teresa Soeiro.
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A Salicórnia havia chegado aos sentidos da Talkie-Walkie há já muito tempo. Sabendo-a uma espécie autóctone das marinhas de sal, esta visita levou-nos até à Horta da Ria, na Ilha dos Puxadoiros, seguindo as
orientações de Júlio Coelho, professor de educação física muito curioso sobre a biodiversidade da Ria de
Aveiro e que se dedica à investigação e produção de Salicórnia desde 2013.
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O arquiteto João Paulo Cardielos levou-nos, de
bicicleta, à descoberta da expansão da cidade com base em três das suas
etapas‑chave. Trilhou-se um percurso‑narrativa sobre vivências, traçados
históricos e modos de fazer, sobre indústria e atividades económicas mas, acima
de tudo, sobre as inúmeras camadas do território que são consequência das
opções diacrónicas do seu desenvolvimento.
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DESCRIÇAO - Robertos e MarionetasUr, ipidit essit lant asseque nes ex et od que quiscipicae none dolorio tet disto occus doles dolestibus dita eosanda et pre sant…
A reabertura da galeria de exposições da Casa da Cultura de Ílhavo fica marcada pelo acolhimento da “Braços”, um desafio do 23 Milhas à associação AGIL para a curadoria de uma exposição sobre trabalho em comunidade, espaço público, criação em rede e o exercício democrático associado à participação cívica.
himalion, a mais recente entidade artística de Diogo Sarabando dedicada às explorações pelo indie-folk, apresenta, em formato de sexteto, um conjunto de canções do novo LP intitulado BLOOMING (2021) e o EP de estreia EGRESS (2020).
“Private Reasons” assinala o regresso de Bruno Pernadas às edições depois de “How Can We Be Joyful in a World Full of Knowledge” (2014) e “Those Who Throw Objects at The Crocodiles Will Be Asked to Retrieve Them” (2016).
Salvador Sobral apresenta “bpm”, o seu mais recente álbum de estúdio, a primeira vez que Salvador Sobral se aventura na edição de um disco composto inteiramente por originais de sua autoria, em parceria com Leo Aldrey
A nova criação de Jonas & Lander, BATE FADO, é um espetáculo híbrido entre a dança e o concerto de música, projetado para nove performers: quatro bailarinos, quatro músicos e um fadista (bailarino).
Os Lan Trio são Mário Laginha (pianista), Julian Arguelles (saxofonista) e Helge Norbakken (percussionista) que apresentam, ao vivo, o Álbum Atlântico, o segundo disco do super-trio europeu de jazz.
Aos 92 anos, Eunice Muñoz sente-se preparada para abandonar os palcos. Mais que uma despedida, o espetáculo A Margem do Tempo tenciona ser um passar de testemunho à sua neta Lídia Muñoz e às gerações vindouras.
Douglas Dare regressou aos discos em 2020 com o álbum “Milkteeth”, editado pela Erased Tapes. Neste registo, que é, entre muitas coisas, a materialização do conforto de Douglas Dare quanto à sua identidade.
A ideia é a de um jardim que explode no betão, mas a verdade é que será também um palco, uma plateia, um lugar de encontro e um espaço de jogo.
234 397 260
Para assuntos relacionados com bilheteira contactar os números 234 397 263